Vista do Serrote da Benedita - Foto de Marcelo Carvalho |
No dia 26 de janeiro de 2015, partimos para a Serra de
Aratuba, Leonardo Jales, amigo fotografo ambientalista e etnográfico e o colega
Gleidison Lima, conhecedor destas matas, costumes e tradições aratubenses, que
nos guiou nesse dia produtivo. Para uma ida ao mato desta região serrana
cearense rica em diversidade biológica, mas com alto grau de degradação das
suas matas.
Aratuba tem origem na língua Tupi, e quer dizer
"ajuntamento de pássaros" através da junção dos
termos gûyrá ("pássaro") e tyba ("ajuntamento").
As terras ao redor eram habitadas por índios de origem Tupi como os Canidés. A
formação de seu núcleo urbano se deu a partir do século XVIII com as catequeses
dos Jesuítas e com pessoas oriundas de Baturité e de outras regiões notadamente
do semiárido, provavelmente fugindo das secas. Seu nome anterior era Coité,
depois Santos Dumont desde 1950, Aratuba.
O clima tropical quente úmido com pluviometria média de
1737 milímetros anuais. As chuvas concentram-se de janeiro a abril.
As fontes de água de Aratuba fazem parte da bacia metropolitana e do Rio Curu,
sendo as principais fontes os rios do Aracaju, dos Tavares, o rio Putiú
(afluente do rio Aracoiaba) e o Rio Pesqueiro, que deságua no Açude
Pesqueiro (com barragem em Capistrano), bem como riachos tais quais o dos
Barros, Bom Jardim, do Cedro, Esterteal, Furna da Onça, da Lagoa Nova e
Salgadinho.
Aratuba localiza-se no Maciço de Baturité, a uma altura
média de novecentos metros acima do nível do mar, possuindo o núcleo urbano
mais alto do estado do Ceará (a sede do município localiza-se a 945 metros de
altura). Possui relevo bastante acidentado, sendo a principal elevação o
Serrote da Benedita.
Região Metropolitana de Aratuba - Foto de Marcelo Carvalho |
Da vegetação original que havia resta muito pouco. Mas há
vestígios de Mata Atlântica, Caatinga arbustiva aberta
e floresta caducifólia espinhosa. No Pico do "Mussum" ainda encontra-se uma vegetação muito peculiar, bastante degrada pelo pasto de
gado, muito parecida com aquelas presente nos Campos rupestres.
Entre os grandes achados desta Expedição do Movimento Pró-Árvore foi a Sacoila lanceolata, uma orquídea terrestre, que foi registrada anteriormente pelo menos em três momentos, na década de 70, "Luizinho", (orquidófilo e sócio da Associação cearense de orquidófilo - ACEO) coletou material onde hoje é o aeroporto, naquela local havia uma mata com áreas alagadas, porém esse material não foi depositado em herbário; no ano 2000 Antonio Sergio (Agrônomo e botânico taxonomista, também ativista do Movimento Pró-Árvore), coletou material em Carnaubal-CE, cujo o exemplar encontra depositado no EAC (Herbário Prisco Bezerra - UFC); possivelmente em 2005 e com toda certeza em 2007 outro orquidófilo, (Arilo Veras) coletou exemplares dessa espécie na serra de Uruburetama, as quais também encontram-se depositadas no EAC. Este achado foi o primeiro registro para a Serra de Aratuba, sendo a espécie identificada pelo amigo e mestre Antonio Sergio, o mesmo que primeiro depositou a espécie em herbário Estes fatos foram narrados por ninguém menos que Wilson Lima-Verde, maior estudioso das orquídeas cearenses e diretor técnico-científico da ACEO.
Sacoila é um género botânico pertencente à família das orquídeas (Orchidaceae). Foi proposto por Rafinesque em Flora Telluriana 2: 86, em 1836, tipificado pela Sacoila lurida Raf., nome ilegal pois havia sido primeiro descrita como Neottia aphylla Hook., em 1828, ambas são sinônimos da anterior Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay, publicada em 1775 como Limodorum lanceolatum Aubl. O nome vem do grego saccos, saco, e koilos, oco, em referência ao calcar formado pela base do labelo e sépalas laterais de suas flores. Lanceolata epiteto latim que quer dizer: em forma de lança.
Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay Foto de Leonardo Jales Leitão (Professor e ambientalista) |
Ocorre geralmente em campo aberto, precisando de muita luminosidade. Erva perene passa a maior parte do ano submersa, somente com suas raízes tuberosas. Quando das primeiras chuvas emerge sua parte vegetativa com folhas pilosas e lança sua haste floral. Como não detêm de muitos recursos, dispensa suas folhas e fica apenas com sua haste floral. Devido ao seu hábito perene é difícil encontrar essa e outras tantas orquídeas terrestres, por isso mesmo há poucos estudos sobre as mesmas
Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay Foto de Leonardo Jales Leitão Fontes:
L. Watson and M. J. Dallwitz, The Families of Flowering Plants, Orchidaceae Juss.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Sacoila) > Acesso em :02 Fev. 2015
Barros, F. de; Vinhos, F.; Rodrigues, V.T.; Barberena, F.F.V.A.; Fraga, C.N.; Pessoa, E.M.; Forster, W.; Menini Neto, L.; Furtado, S.G.; Nardy, C.; Azevedo, C.O.; Guimarães, L.R.S. Orchidaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB12182>. Acesso em: 02 Fev. 2015
rummitt, RK; CE Powell. 1992. Authors of Plant Names. Royal Botanic Gardens, Kew. ISBN 1-84246-085-4
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