segunda-feira, 30 de junho de 2014

Palestra na ACEO - Associação Cearense de Orquidófilos

Neste último sábado, dia 28 de junho, tive a honra de apresentar na ACEO - Associação cearense de orquidófilos uma palestra sobre as Serras úmidas cearenses e novas ocorrências de Orchidaceae para o Ceará. Foi muito especial por ter sido no mês em que se comemora o dia do Orquidófilo dia 22 de junho, dia escolhido por ser o nascimento de Barbosa Rodrigues, um dos maiores botânicos brasileiros.





A Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) foi fundada em 26 de outubro de 1977, com o nome de Sociedade Cearense de Orquidófilos. Reestruturada e rebatizada em 21 de abril de 2007, é uma entidade civil, cultural, preservacionista, técnica e científica, sem fins lucrativos, com sede na cidade de Fortaleza.
Os associados se reúnem uma vez por mês, na Casa de José de Alencar, encontro que acontece sempre no terceiro sábado de cada mês, a partir das 15h. Nessas ocasiões, todos levam vasos floridos, o que resulta em pequenas exposições. Além dos informes e da distribuição do “Boletim ACEO”, uma publicação mensal, são dadas palestras, promovem-se discussões, analisam-se algumas flores expostas no local e faz-se o sorteio de plantas. Esporadicamente, acontecem encontros informais na residência dos associados, onde há visita ao orquidário, bingos e sorteios.

Palestra de Marcelo Carvalho na ACEO deu significado especial à reunião de junho

30 DE JUNHO DE 2014
Com muita didática e conhecimento, Marcelo prendeu a atenção dos presentes.
Com muita didática e conhecimento, Marcelo prendeu a atenção dos presentes.
Os orquidófilos fizeram questão de posar ao lado do palestrante
Os orquidófilos fizeram questão de posar ao lado do palestrante
Terezinha foi a grande felizarda na rifa de uma Vanda florida.
Terezinha foi a grande felizarda na rifa de uma Vanda florida.
A Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) realizou sábado passado, dia 28/jun, uma de suas reuniões mais movimentadas, com a apresentação de palestra que despertou vivo interesse entre todos os presentes. O expositor foi Marcelo Carvalho, que trabalha comosommelier (atendente de vinhos), desenvolvendo, paralelamente, intensa atividade como naturalista amador e estudioso da Botânica, atuando também em movimentos de defesa do meio ambiente, como o Greenpeace e o Pró-Árvore. Nos últimos anos, ele vem explorando, com especial dedicação, a cobertura vegetal das serras cearenses. O resultado foi a descoberta de várias espécies que ainda não constavam da relação de orquídeas que ocorrem em nosso Estado. (O conteúdo da palestra, dada sua relevância, será objeto de nova postagem, ainda esta semana, no www.orquidofilos.com)
Após a exposição de Marcelo Carvalho, a ACEO comemorou o Dia do Orquidófilo (que transcorreu a 22 de junho), realizando o sorteio de 10 mudas de orquídeas, entre espécies e híbridos oriundos do Orquidário Santa Bárbara. Também foram sorteadas plantas oferecidas por um dos associados. A “sorte grande”, porém, sorriu mesmo para Terezinha Gomes, contemplada com uma Vanda Pure’s Wax ‘Patchara’ florida, que foi retira do orquidário da Associação para animar uma rifa. Os recursos arrecadados se somam ao esforço para realização do 8º FestOrquídeas, em novembro próximo.
Causou especial alegria, nessa reunião, o fato de alguns associados, que se encontravam afastados por motivos diversos, terem retornado ao convívio da ACEO.

A ACEO, cujo símbolo é uma representação estilizada da Cattleya labiataLindley, espécie encontrada nas regiões serranas do Ceará, tem entre seus objetivos:
  • Reunir pessoas que tenham interesse pelas orquídeas e dar continuidade ao trabalho realizado pela Sociedade Cearense de Orquidófilos;
  • Lutar pela preservação das espécies de orquídeas em seu meio ambiente e apoiar programas visando à pesquisa de espécies nativas, sua reprodução e reintrodução em seus habitats;
  • Compartilhar informações técnicas com entidades correlatas e estimular a publicação de trabalhos técnico-científicos ligados ao mundo das orquídeas;
  • Promover exposições, feiras, cursos, palestras, seminários, simpósios e outros eventos que contribuam para divulgar a orquidofilia;
  • Desestimular a coleta predatória de plantas nativas;
  • Levantar e reconstituir a história da orquidofilia cearense.

Diretoria

A atual Diretoria da ACEO (gestão 2013/2015) está assim constituída:
A Diretoria Executiva:
  • Presidente – Vera Lúcia Matos Coelho
  • Vice Presidente – Antonio Estanislau Souza Queiroz
  • Primeira Secretária – Cláudia Sales Silva
  • Segunda Secretária – Michelle Canário Passos
  • Primeiro Tesoureiro – Francisco Juvêncio de Andrade Neto
  • Segunda Tesoureira – Elza Ferreira da Silva
  • Diretora de Eventos – Juliana Coelho Carvalho
  • Diretor Técnico e Científico – Luiz Wilson Lima Verde
  • Diretor de Comunicação – Italo Gurgel
  • Diretora de Patrimônio – Rafaela Cláudia Pereira da Silva
Conselho Fiscal e Deliberativo:
  • Clarismar Boussaingault
  • Francisco Edmilson Costa
  • Thomaz Antonio Sidrim

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Stelis duckei - Micro orquídea endêmica do Ceará




Stelis duckei - espécie endêmica do Ceará - Foto por Marcelo Carvalho, Maio de 2014

Gênero Stelis


Stelis  é um gênero Neotropical da subtribo Pleurothallidinae (Epidendreae: Orchidaceae) (Chase et al, 2003;. Pridgeon, 2005). 


" ... a circunscrição de Stelis s.l. proposto por Pridgeon e Chase (2001) inclui oito subgêneros de Pleurothallis R. Br.. [Crocodeilanthe Rchb. f. & Warsz., Dracontia (Luer) de Luer, Effusiella Luer Elongatia (Luer) de Luer, Mystacorchis Szlach. & Marg., Physosiphon Lindl., Physothallis Garay, e Pseudostelis Schltr.], e os gêneros Condylago Luer e Salpistele Dressler em sinonímia. A maior diversidade de Stelis s.l. é na região andina (Karremans et al. 2013), enquanto no Brasil, Barros et al. (2013) citou apenas 50 spp., Dos quais cerca de 40 são encontrados no Mata Atlântica." (Pessoa e Alves:2013).

Histórico

O gênero Stelis foi proposto por Swartz no Journal für die Botanik 1799 (2): 239, pl. 2, f. 3, em 1799, baseando sua descrição na espécie tipo, Stelis ophioglossoides, anteriormente descrita por Jacquin como Epidendrum ophioglossoides.

Etimologia de Stelis

O nome refere-se à sua semelhança a uma planta epífita conhecida como erva-de-passarinho.


Para o estado do Ceará, até recente, somente constava registro de uma espécie apenas, no caso, Stelis aprica. como consta em FREITAS, REGINA CELLI ARAÚJO. MATIAS,  DOS SANTOS, MARIA LUNA GAUDÊNCIO. MATIAS, LÍGIA QUEIROZ. 2011. Checklist das monocotiledôneas do Ceará, Brasil. <http://periodicos.ufersa.edu.br/index.php/sistema>. O site da Delfina de Araújo, um dos mais importantes sobre orquídeas no Brasil e no mundo. <http://www.delfinadearaujo.com/estados/ceara.htm>.
O site da ACEO (Associação cearense de Orquidófilos), importante referência no estado, <http://www.orquidofilos.com/catalogo>. 


Nova Sp. Stelis duckei E. Pessoa & M. Alves


Stelis duckei fotografa na área typus por Marcelo Carvalho em Maio de 2014



Nessas minhas aventuras pelas Serras cearenses, fico na expectativa de fotografar alguma orquídea vegetando na natureza, quem sabe até florida. Na última ida a Serra de Maranguape tive muitas surpresas boas. No caminho para a Pedra do Rajada, avistei uma Stelis grande para o gênero, a primeira vista achei que fosse S. Aprica, porém nunca vi nem mesmo cultivada, uma aprica daquele porte. Fotografei e postei as fotos no DetWeb, e Edlley Pessoa identificou, o mesmo que descreveu a orquídea mais 90 anos depois que Ducke coletou. Isso mesmo a História dessa orquídea começou em 1908 com a excursão de Adolpho Ducke pela Serra de Maranguape. Ducke coletou a orquídea mas não a descreveu. Trata-se da Stelis duckei, descrita por Edlley Pessoa e Marccus Alves, ambos da Universidade Federal de Pernambuco, departamento de Biologia Vegetal. Tive o privilégio de fazer as fotos na área typus. 



Por Marcelo Carvalho - Perto da Pedra do Rajada - Serra de Maranguape

Etimologia

 Duckei

O nome é em homenagem a Adolpho Ducke, grande naturalista que descreveu mais de 900 novas espécies botânicas.



Stelis duckei E. Pessoa & M. Alves

Morfologia

Stelis duckei é morfologicamente semelhante as espécies colocadas por Luer (2004) no grupo Crocodeilanthe, a qual foi tratada sob Stelis s.l. por Pridgeon e Chase (2001). Dentro do grupo Crocodeilanthe, Stelis duckei é mais semelhante a Stelis speciosa, a qual foi recentemente descrita nas  florestas úmidas montanhosas (2.400 m), no Equador (Luer, 2011). Stelis speciosa e S. duckei podem ser distinguidas porque a primeira tem ramicaule mais curto (8,0-9,0 cm vs 9,5-20,5 cm), folhas estreitas (1,5-1,8 cm vs 3-5,8 pétalas cm), elípticas e obtusos , e um labelo com uma ampla vértice arredondado e um calo semi-lunar na base. Enquanto que S. duckei é reconhecida pelo ramicaule mais longo, folhas mais largas, elípticas e obtusas. Labelo obtuso com um calo em forma de crista na base. 





Fig, 1 - Stelis duckei. A. Habitat.  B. vista lateral da flor. C. Perianto dissecado. D. Labelo. E. Detalhe do calo no labelo. F. Vista lateral do labelo e da coluna. G. Fruto (Tirado do Holótipo).





Distribuição e Ecologia

Stelis duckei é conhecida somente na Serra de Maranguape, no estado do Ceará, nordeste do Brasil. Sendo portanto,  endêmica do estado. A área é conhecida como Brejos de altitude do nordeste, e é um enclave de Mata Atlântica dentro do bioma Caatinga, que também tem a particularidade de abrigar diversas espécies da Floresta Amazônica. (Figueiredo & Barbosa, 1990; Araújo et al, 2006). O período de florescimento é pouco conhecido, mas como base no material conhecido floresce entre abril a outubro. As das fotos floresceram em maio.


Stelis Duckei  - Aromas deliciosos de especiarias como cravo e canela, exalam de suas flores.






Agradecimentos:

Agradeço especialmente ao próprio Edlley Pessoa, botânico da Universidade de Pernambuco que descreveu a planta e a identificou para mim no grupo DetWeb, onde postei as fotografias. Ainda cedeu bondosamente seu artigo cientifico que descrevia a espécie. Não somente por esse trabalho, mas como o mesmo é especialista em Orchidaceae do nordeste e amazônia, sempre tem me ajudado na identificação das orquídeas que fotografo. A Vera Coelho, Lima Verde e Italo Gomes, amigos da ACEO (Associação Cearense de Orquidófilos), os quais sempre recorro em busca de ajuda, que além de conhecedores são exímios cultivadores e apaixonados por Orquídeas. Ao Movimento Pró-Árvore (Antonio Sergio e Leonardo Jarles Leitão), que despertou em mim essa paixão por querer conhecer as plantas e fortaleceu o desejo de proteger nossas árvores, o Pró-Árvore, na sua essência de preservar e valorizar a Flora nativa do Ceará, tem percorrido todo estado, identificando muitas espécies; vez por outra descobrindo novas ocorrências para o estado do Ceará. E finalmente ao Grupo Loucos Pela Trilha, que não é de interesse botânico, mas sim de aventura, e  são meus fieis companheiros pelas florestas e afins. 





Fontes:











quinta-feira, 10 de abril de 2014

Oeceoclades maculata - Joia terrestre

Oeceoclades maculata - Planta fotografa no Parque Ecológico do Rio Cocó.


Œceoclades é um género botânico pertencente à família das orquídeas (Orchidaceae).Foi proposto por John Lindley, publicado em Edwards's Botanical Register 18: sub pl. 1522, em 1832. É tipificado pela Œceoclades maculata (Lindley) Lindley, anteriormente conhecida como Angræcum maculatum Lindley, o lectótipo foi desigando por Lindley em J. Proc. Linn. Soc., Bot. 3: 36, em 1859.


Oeceoclades maculata com frutos

Etimologia 

O nome deste gênero é uma palavra híbrida do gregoοικειος (oikeios), que significa “de casa”, e do latimclades, que significa “destruição” (este, por sua vez, tem origem no verbo grego κλάω: quebrar), numa referência à mudança de gênero pela qual a planta passava.

O gênero possui cerca de 31 espécies distruibuidas pelas Américas, Florida, Africa Tropical, Ilha de Madagascar, Mascarene e Seyshelles. São plantas terrestres, raramente epífitas.


Oeceoclades maculata  

Oeceoclades maculata é a única espécie que ocorre no Brasil. Suas flores são rosadas, labelo brancos com duas faixas laterais na cor vermelho. sua inflorescência pode atingir até 40cm, emergindo da base do pseudobulbo. Floresce geralmente no outono. Aqui no Ceará floresce entre janeiro e maio. Ocorrendo frequentemente a autogamia (autopolinização), o que facilita sua dispersão. A sua origem é um mistério, Madagascar é apontada como sua possível origem. É a orquídea de maior área de dispersão. Segundo Delfina de Araújo, existe a variedade alba, sendo esta foi encontrada pelo orquidófilo Nelson Luis Bittencourt, em Niterói - RJ.

Oeceoclades maculata
Como cultivar

Aprecia boa luminosidade indireta, e substrato úmido mas não ensopado, podendo ser plantada direto do chão do jardim em local sombreado, ou em qualquer tipo de vaso médio de cerâmica ou plástico, com base de pedriscos, brita ou cacos de telha para drenagem. O substrato deve ser composto de terra vegetal, areia grossa e esterco orgânico curtido. Na natureza observei que vegeta naturalmente em matas sombreadas que permitem boa luminosidade indireta e solo rico em matéria orgânica como folhas ou pau podre.





Fontes:
http://www.delfinadearaujo.com/on/on24/pages/del01.htm
http://orquideasfloresperfeitas.blogspot.com.br/2011/12/oeceoclades-maculata.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oeceoclades

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Epidendrum ciliare




Epidendrum ciliare - Fotografado durante o 7º FestOrquídeas - Ceará


Epidendrum ciliare é uma orquídea do gênero Epidedrum, gênero este que foi nomeado por Carolus Linnaeus em 1763 e incluía todas as orquídeas epífitas até então conhecidas. A maioria dessas orquídeas foram incluídas em outros gêneros. Esse gênero pelo por abrigar mais de 1.100 espécies é chamado de mega-gênero.

Ilustração de um Epidendrum ciliare
Epidendrum ciliare é uma orquídea epífita, que ocasionalmente vegeta também sobre rochas, ocorrendo assim litófita. Rizomatosa, com pseudobulbos longitudinalmente sulcados. Aqui na Brasil, segundo o levantamento do Jardim botânico - RJ (Jardim Botânico do RJ - Epidendrum ciliare) , ocorre no norte (Amazonas, Pará e Amapá) e no nordeste (Maranhão e Ceará), o site da ACO (Associação Cearense de Orquidófilos), lista a espécie em seu catálogo como uma das espécie nativas do Ceará. No Ceará há muitos ocorrências da espécie desde áreas de Restingas, bem como nas regiões serranas, que abrigam os brejos de altitude, resquícios de Mata Atlântica. 
Epidendrum ciliare vegetando sobre uma rocha. Pacatuba, Ceará - Brasil.

Etimologia

O nome deste gênero (Epi.) deriva da latinização de duas palavras gregasεπί (epi), que significa "sobre", "em cima de"; e δένδρον (dendron), que significa "árvore"; referindo-se à maneira como vivem as espécies deste gênero, ou seja a sua natureza epífita. "ciliare" epiteto latino, quer dizer com cílios ou franjas.
Colônia de Epidendrum ciliare vegetando sobre rochas.

Sinônimos 
  • Auliza ciliaris (L.) Salisb.
  • Auliza ciliaris (L.) Lindl. ex Stein
  • Coilostylis ciliaris (L.) Withner & PAHarding
  • Coilostylis cuspidata (Lodd.) Withner & PAHarding
  • Coilostylis emarginata Raf.
  • Encyclia ciliaris (L.) A.Lemée
  • Epidendrum ciliare var. speciosa (Lodd.) Lindl.
  • Epidendrum ciliare var. Hort menor. ex Stein
  • Epidendrum ciliare var. squamatum Schnee
  • Epidendrum ciliare var. viscidum (Lindl.) Lindl.
  • Epidendrum Lodd speciosa.
  • Epidendrum speciosa var. brachysepalum Rchb. f.
  • Epidendrum lúteo Planch.
  • Epidendrum megalemmum Carnevali & GARomero
  • Epidendrum viscidum Lindl.
  • Phaedrosanthus ciliaris (L.) Kuntze

Fotografando um Epidendrum ciliare sobre a rocha, junto com outras espécies como Bromélias e Cactáceas.

Referências

L. Watson and M. J. Dallwitz, The Families of Flowering Plants, Orchidaceae Juss.

Barros, F. de; Vinhos, F.; Rodrigues, V.T.; Barberena, F.F.V.A.; Fraga, C.N.; Pessoa, E.M.; Forster, W.; Menini Neto, L.Orchidaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB20047>. Acesso em: 03 Fev. 2014

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Epidendrum> acessado em 03/02/2014.

domingo, 10 de novembro de 2013

Vanilla parvifolia Barb. Rodr.

Vanilla parvifolia foi catalogada por João Barbosa Rodrigues botânico brasileiro em 1881. É uma espécie de orquídea de hábito escandente e crescimento reptante que existe do Paraguai à Serra do Mar na região do sul do Brasil. São plantas clorofiladas  de raízes aéreas; sementes crustosas, sem asas; e inflorescência de flores pálidas que nascem em sucessão, de racemos laterais.

© por Friedrich Reinhardt-Verlag, Basel, Suíça


Esta espécie pode ser reconhecida entre as Vanilla por apresentar caules comparativamente delgados, labelo claramente trilobado mais ou menos redondo, com lobo central acuminado e disco com nove lamelas estreitas, a central destacada; folhas levemente membranáceas e reticuladas, ovaladas; e flores normalmente solitárias nas axilas das folhas, ocasionalmente terminais, comparativamente menores que as de algumas espécies, porém bem abertas e de segmentos largos; ovário mais ou menos roliço; e por seu hábito terrestre porém subindo nas árvores apoiada por suas raízes aéreas.










segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Scaphyglottis - "Língua concava"

Scaphyglottis é um gênero botânico pertencente à familia das orquídeas (Orchidaceae). Este gênero, que compreende pouco menos de setenta espécie, é o resultado da fusão de diversos gêneros descritos em épocas diversas. Caracterizam-se pelo hábito de seus pseudobulbos crescerem acrescentando novos pseudobulbos sobre o ápice dos antigos, e eventualmente também em sua base, e pelas flores cuja coluna apresenta prolongamento podiforme, ou seja, em formato de pé. Muitas das espécies são extremamente parecidas e difíceis de distinguir, sendo algumas poucas claramente distintas. Somente algumas possuem cores vistosas.





  • Distribuição geográfica:

Este gênero compreende pouco menos de setenta espécies  distribuídas por ampla área que vai do sul do México até o sul da Bolívia e por todo o Brasil excetuada a região sul, desde o nível do mar até grandes altitudes nos Andes. Existem ainda em diversas ilhas do Caribe, sendo ali, usualmente, espécies endêmicas. Considera-se o sul da América Central, onde a maioria das espécies ocorre, o seu centro de dispersão.
São plantas epífitas, ocasionalmente rupícolas, que costumam formar grandes conjuntos desorganizados, mais ou menos ascendentes ou também pendurados dos ramos das árvores. Habitam tanto as florestas quentes e úmidas de baixa altitude do litoral e da Amazônia e, com menos frequência, florestas secas dos planaltos. Poucas espécies são ocasionalmente encontradas em florestas de altitude cheias de neblina matinal nos Andes e Costa Rica, geralmente em locais mais abertos e iluminados ou no alto das árvores.


  •  Morfologia:

O tamanho das plantas varia bastante. Existem espécies muito delicadas ou bastante robustas, que pouco passam de alguns centímetros ou capazes de chegar a quase um metro de altura. Entretanto, todas apresentam pseudobulbos alongados e estreitos, protegidos na base por inúmeras Baínhas efêmeras, que permanecem por algum tempo depois de secas, sobrepostos em cadeias, nascendo uns dos ápices dos outros, ocasionalmente de suas bases, comportando até três folhas apicais. As folhas costumam ser pouco carnosas, estreitas e longas, algumas espécies apresentam folhas bastante carnosas inflorescência brota das extremidades dos pseudobulbos e, diferente da maioria das orquídeas que geralmente que só florescem uma vez por pseudobulbo, em Scaphyglottis brota novamente por diversos anos seguidos nos pseudobulbos mais antigos. Por outro lado, como os novos pseudobulbos também brotam do mesmo local nas extremidades dos antigos, formando uma série de pseudobulbos encadeados uns sobre os outros, acabando por assumir a aparência de um único caule, a impressão que se tem ao observar as flores é a de que estejam ao longo dos nós desse caule, e não nos topos dos pseudobulbos individuais. As inflorescências podem ser racemosas ou paniculadas, com uma, poucas ou muitas flores aglomeradas ou espaçadas, simultâneas ou em sucessão, de cores discretas, raramente vistosas.

As flores são pequenas, geralmente brancas, creme, verdes, róseas, mas sempre pálidas e discretas, com exceção anotada para as flores do anterior gênero Hexisea, em sua maioria vermelhas; as pétalas e sépalas apresentam comprimentos aproximados porém as pétalas costumam ser mais largas que as sépalas, e o labelo usualmente é o maior dos segmentos florais, em regra de extremidade reflexa, preso ao pé proeminente da coluna e apresentando mento, frequentemente articulado, algumas vezes soldado a ela. A antera é terminal e contém quatro ou seis polínias.




Distinguem-se do grupo de gêneros mais proximamente relacionados, do qual Jacquiniella é o mais conhecido representante, pois estes últimos apresentam pseudobulbos caulíneos recobertos de folhas alternadas espaçadas, e flores cujas colunas são ápodas, ou seja não apresentam prolongamento na base, onde fixa-se o labelo.



A maioria das Scaphyglottis é polinizada por insetos de língua curta, uma vez que quase todas as espécies produzem néctar, que acaba por se acumular no mento formado pela base do labelo e pé da coluna. As espécies provenientes do gênero Hexisea são possivelmente polinizadas também por beija-flores que, sabidamente, visitam principalmente plantas de flores vermelhas.

  • Histórico:

O gênero Scaphyglottis foi proposto por Eduard Friedrich Poeppig e Stephan Ladislaus Endlicher, em 1835. Em 1960 Robert Louis Dressler designou como espécie-tipo deste gênero a Fernandezia graminifolia Ruiz & Pavón, que então passou a denominar-se Scaphyglottis graminifolia.O nome do gênero vem do grego skaphe, côncavo ou oco, e glotta, língua, em referência ao formato do labelo de suas flores.

Scaphyglottis


  • Taxonomia:

A presente definição de Scaphyglottis esteve incerta por muito tempo.Há um grupo grande de espécies claramente pertencentes a este gênero, além de algumas outras provenientes da extinção de três outros pequenos gêneros, a saber, TetragamestusLeaoa e Hexadesmia, que lhe foram subordinados décadas atrás. Cada um deles com algumas particularidades morfológicas. Em 1993, foi publicado um trabalho com a revisão deScaphyglottis, o qual não inclui os gêneros submetidos a ele após esta data, mas que é útil para esclarecer muitas das espécies similares que compõem este gênero. Mesmo as espécies já pertencentes a Scaphyglottis antes desta unificação de gêneros, também são algo confusas e variáveis, algumas dispersas por grandes áreas, constituindo-se mais em complexos de espécies que espécies claramente reconhecíveis, com muitas intermediárias e apresentando pequenas variações endêmicas que foram descritas como espécies à parte. Seguindo as leis da parcimônia, em regra estas espécies variáveis estão agora classificadas sob um único nome, pois do contrário sua definição e identificação se tornariam muito complicadas. De fato constituem-se em complexos de espécies crípticas.

Foto tirada em Pacatuba, Ceará - Brasil

  •  Filogenia:

Segundo a filogenia de Laeliinae publicada no ano 2000 em Lindleyana por Cássio van den Berg et al., Scaphyglottis, junto com os citados gêneros a ela agora subordinados, forma um pequeno clado inserido em clado maior que também inclui os gêneros Jacquiniella e Acrorchis, e este grande clado por sua vez inserido entre os de Epidendrum e de Meiracyllium, considerado este último pertencente ao mesmo clado cujo gênero mais conhecido é Encyclia.
Em 2004, DresslerWilliam Mark Whitten e Norris H. Williams. publicaram um artigo sobre a filogenia de Scaphyglottis, onde mostram que as espécies de ReichenbachanthusPlatyglottis, e Hexisea encontram-se inseridas entre diversas espécies de Scaphyglottis nos clados. Para conservar a monofilia de Scaphyglottis, diversas alterações de nomenclatura, com a criação de mais gêneros parecidos, seriam necessárias, portanto sugerindo a unificação de todos estes gêneros em Scaphyglottis.


Na realidade, a definição da maioria dos gêneros aliados a Scaphyglottis sempre foi confusa. Seus limites nunca foram bem estabelecidos e as espécies ora eram atribuídas a um gênero, ora a outro. Como a variação genética entre as espécies desses gêneros é pequena, dificultando o esclarecimento exato dos relacionamentos entre eles, e também pela confusão entre o limite na definição morfológica desses gêneros, foi consensual entre a comunidade científica sua unificação.


  • Cultivo:

É importante informar-se sobre o local onde cada espécie habita na natureza, pois como há espécies de clima quente e úmido, de clima moderadamente seco, e de clima mais fresco e úmido. As condições de cultivo devem ser adequadas ao local ao qual cada espécie acostumou-se.
A grande maioria das espécies provém de clima quente e úmido e não apresentam dificuldades de cultivo na maior parte do Brasil. As Scaphyglottis de clima quente podem ser cultivadas da mesma maneira que são cultivadas a quase todas as espécies brasileiras, sem tratamento especial em um orquidário misto.
Podem ser plantadas em vasos com substrato bem drenado à base de cascas moídas, cortiça, cacos de carvão e perlita misturados, ou apenas em composto de fibras vegetais de boa qualidade. Podem-se também plantar em placas de fibra ou, quando de climas secos, em pedaços de cascas de árvores e neste caso com regas mais frequentes pois as cascas de árvore secam muito rapidamente.